“Vida de pastor vida de senhor, rabo molhado vida do diabo”

                                                                                    Ditado Popular

O projeto o “Olhar do Pastor” está inserido no âmbito do Centro de Interpretação do Território - Sambade / Alfândega da Fé, onde assume um papel de destaque pois foi a temática da pastorícia que inspirou este espaço cultural.

O pastor assume-se aqui como um guia pelo território, percorrendo durante 365 dias montanhas, vales e planaltos em busca do seu sustento, acompanhado do seu rebanho e do seu fiel companheiro, o cão do gado.

Esta figura acompanha-nos em toda a visita mostrando-nos Alfândega da Fé através de um olhar atento em 4 fragmentos que demonstram a vivência do clima, a cultura e a cumplicidade entre o pastor, os cães que protegem o gado dos lobos que já não se veem e os rebanhos que se alimentam da natureza nas distintas paisagens de Alfândega da Fé.

Os testemunhos dos pastores e as suas vivências, dificuldades e ambições.

A paixão, o gosto, o entusiasmos, a desilusão e a incerteza.

O clima que afirma as diferentes estações do ano por vezes num mesmo dia.

Da aurora ao crepúsculo em longos passeios também por épocas noturnas.

A cultura, a história e as estórias, as memórias de infância, as dificuldades ultrapassadas, o passado, o presente e o futuro… A vida!

A luz do território que manifesta diferentes contrastes e sensações afirmando diferentes modos de viver a pastorícia em Alfândega da Fé, de uma forma singular.

À semelhança do projeto anterior “Fé nos Burros” que tem como objetivo enaltecer a utilidade e importância da relação homem-animal, retratando a cultura rural através das maneiras de trabalhar com a terra e os animais e a sua cumplicidade, também “O Olhar do Pastor” pretende isso mesmo. Dar ênfase à relação umbilical que ainda algumas profissões em Trás-os-Montes têm entre o homem e o seu animal e da sua importância enquanto elemento cultural e identitário.

Descobrindo o território, as suas gentes e o seu património material e imaterial através da presença do pastor e do seu rebanho, assistindo ao conhecimento e aprendizagem de saberes artesanais, tradições, sentimentos e emoções.

Tal como se pretende valorizar e salvaguardar este mundo antigo e os que nele vivem e sobrevivem à era da modernidade, prestando uma especial contribuição na preservação do que ainda resta da pastorícia em Alfândega da Fé para que não se perca no futuro.

Para este projeto colaboraram 42 pastores pertencentes a todo o concelho, que abriram as portas do seu mundo e que gentilmente cederam parte da cultura, identidade, história e património que a cada um de nós pertence.